quinta-feira, 9 de junho de 2011

Recuperando a Produção Natural de Testosterona


Por Waldemar Marques Guimarães Neto CREF 004810-G/PR e Rodolfo Anthero de Noronha Peres CRN3 16389

Muito se fala de ciclo de drogas anabólicas androgênicas e de seus efeitos colaterais¸ mas pouco se comenta a respeito de como restituir os níveis normais de testosterona e de como minimizar efeitos colaterais. Alguns segmentos da mídia¸ neste tocante¸ parecem bastante inconseqüentes e até cínicos; como se desejassem que usuários destas drogas realmente tivessem salientado todos os efeitos colaterais que adoram mencionar¸ só para que “levem uma lição”¸ e preferencialmente que morram. Afinal¸ pessoas que utilizam estas drogas normalmente possuem mais massa muscular comparado com as que não utilizam. O instinto primitivo¸ por demais saliente no menos culto¸ deseja “eliminar” sempre que possível aquele¸ que é o macho mais forte¸ para que ele¸ mais fraco e miserável¸ possa cobrir mais fêmeas.

Um ciclo para recuperação da produção dos níveis naturais de testosterona é normalmente recomendado para quem termina um ciclo de esteróides anabólicos de característica bem androgênica¸ como aqueles com testosterona aquosa¸ testosterona nas formas propionato¸ cipionato¸ enantato¸ nos compostos como Durateston¸ nas orais metandrostenolona e oximetolona¸ etc.

Algumas estratégias podem surtir efeito recuperativo bastante expressivo¸ mesmo entre aqueles que usaram muita(s) droga(s) androgênica(s). Existe ainda¸ uma tendência natural da recuperação se tornar cada vez mais difícil¸ na medida em que a pessoa avança sua idade. A única forma de averiguar precisamente esse fato¸ bem como precisar dosagem¸ é com a realização de um exame sanguíneo específico¸ e com a prescrição de um médico que entende do assunto. Você terá maior probabilidade de encontrar um cuja especialidade seja endocrinologia¸ urologia ou geriatria.

Em condições normais¸ a tendência¸ mesmo após um ciclo pesado¸ é o restabelecimento da produção natural de testosterona¸ mesmo sem o uso de droga nenhuma. No entanto¸ esse processo poderá ser muito lento¸ impossibilitando um próximo ciclo com curto intervalo. Lembremos que pessoas pouco pacientes e alguns atletas competitivos não dispõem – ou não desejam – dar muito tempo de intervalo entre ciclos. Inclusive¸ existem relatos de esterilização persistente em usuários sistemáticos de esteróides anabólicos.
É bom lembrar que¸ durante o uso de esteróides anabólicos androgênicos¸ ocorre uma tendência de aumento da libido¸ ou seja¸ o usuário poderá cobiçar até a galinha do terreiro ou o buraco da parede. Mas¸ ao cessar o uso¸ com a queda dos níveis de testosterona¸ um efeito reverso é comum. O indivíduo poderá passar por momentos difíceis com a namorada¸ esposa¸ amante¸ etc. Portanto¸ é conveniente levar a sério o ciclo recuperativo¸ a não ser que se tenha um monte de Viagra no bolso. Nada como se fiar em suas condições biológicas naturais¸ pelo menos nesse caso.

A restituição dos níveis naturais de testosterona em curto prazo¸ também é útil para minimizar a perda da massa e força muscular¸ evitar sintomas de depressão¸ acúmulo de gordura corporal e restituição da libido¸ porque são esses os indesejáveis sintomas experimentados pelos desavisados e descuidados.

O início de um ciclo de recuperação irá depender da meia vida da última ou das últimas drogas administradas. Se foi algo como Durateston¸ inicia-se o ciclo de 3 a 4 semanas após a última aplicação¸ pois a testosterona exógena ainda estará atuando¸ criando um efeito inibitório pela sua ação de supressão dos hormônios gonadotrópicos. Se for uma droga como o propionato de testosterona¸ poucos dias após a última aplicação poderão ser suficientes para iniciar tal ciclo. Já se for uma droga oral¸ com horas de meia vida¸ no dia seguinte pode-se iniciar a utilização desse recurso recuperativo¸ desde que não haja a ação de uma outra droga de duração mais longa combinada.

A droga primária a ser utilizada após ciclos longos e com drogas mais androgênicas é o HCG¸ pois está ligada a restauração da atrofia testicular sofrida pelo uso de esteróides anabólicos muito androgênicos. Esta é uma droga que provoca a fertilização (ovulação) em mulheres com dificuldade para engravidar. O HCG é elaborado a partir da purificação da urina de mulheres grávidas¸ que naturalmente é rica nesse hormônio. Já que não é um hormônio masculino¸ ele acaba por imitar o LH (Hormônio Luteinizante)¸ que é um estimulador da produção de testosterona presente no organismo. Como ponto negativo¸ há uma teoria que relaciona o uso contínuo e prolongado de HCG com o fechamento definitivo do mecanismo natural de produção de testosterona no homem. Drogas antiestrogênicas como o Clomid (citrato de clomifeno) e o Nolvadex (citrato de tamoxifeno)¸ funcionam como drogas auxiliares para o restabelecimento e manutenção dos níveis de LH¸ que está diretamente relacionado com a volta progressiva na produção natural de testosterona¸ combatendo assim¸ a ação supressora dos estrógenos. Mas o principal é a retomada das funções normais dos testículos. Por isso¸ não vemos utilidade em usar somente anti-estrógenos após ciclos pesados e mais longos¸ quando o objetivo é restabelecer a produção normal e natural de testosterona.

É conveniente posicionar que mulheres que fazem ciclos de esteróides anabólicos androgênicos¸ não utilizam nenhum meio para restituição dos níveis naturais de testosterona¸ pois produzem cerca de 10 a 14 vezes menos testosterona que o homem¸ sendo que esta não advém dos testículos¸ mesmo porque mulheres não os possuem¸ ou pelo menos não deveriam! Esse hormônio pelas mulheres é produzido pelo ovário. Após ciclos curtos¸ com drogas mais leves e ou de meia vida curta¸ somente a utilização de anti-estrógenos parece auxiliar a retomada da produção de testosterona. Nesse caso¸ o uso de citrato de clomifeno parece fazer a mágica. Mas a única forma de averiguar é com o exame sanguíneo específico e a análise de um médico especialista.

Na verdade¸ a grande maior parte de indivíduos que insistem em fazer uso de esteróides anabólicos androgênicos¸ deveriam se fiar em treino sério e dieta equilibrada e não fazer ciclo de drogas algum. Dentre estes desavisados¸ é ainda comum não haver um devido intervalo entre os ciclos¸ o que não permite a devida restauração dos níveis naturais de testosterona¸ salientando os riscos de possíveis efeitos colaterais. Ou mesmo¸ atravessam por intervalos tão curtos e desconhecendo a meia vida da última droga utilizada – por completa ignorância – permanecem no ciclo o tempo inteiro.

O período mínimo de descanso entre ciclos dependerá da meia vida das drogas utilizadas¸ da utilização ou não de anti-estrógenos e HCG durante o intervalo. Perdas são normais nessa fase¸ mesmo porque¸ dentre outras coisas¸ drogas anabólicas promovem muita retenção hídrica intra-celular. Lembremos que aproximadamente 70% do volume muscular é composto de água. Quem entra nessa guerra¸ deve estar consciente das perdas eventuais e ser devidamente orientado para administrá-la biológica e mentalmente.

Alguns atletas que suportam o uso de clembuterol o utilizam entre ciclos¸ num esforço para manter a maior massa muscular possível e controlar o tecido gorduroso subcutâneo. Porém¸ outras estratégias mais saudáveis também podem ser utilizadas. Isso envolve o treinamento¸ que deve continuar com a devida intensidade e volume¸ sempre levando em conta que¸ após um ciclo¸ a tendência é uma diminuição nas variáveis funcionais. O atleta não deve parar de treinar¸ porém fazê-lo com sabedoria. A manutenção de dieta adequada e o uso de suplementos com ação anti-catabólica¸ tais como HMB¸ glutamina¸ creatina e BCAA’s também devem ser considerados. O uso de vitamina C é uma ótima medida¸ visto que ela auxilia no controle da produção de cortisol pelo organismo. Como se sabe¸ esse hormônio catabólico apresenta seus níveis elevados no término de um ciclo. Vale ainda ressaltar que reduzir muito a ingestão de carboidratos nessa fase não seria adequado¸ pois a restrição severa esse nutriente ocasiona um aumento considerável na produção de cortisol.

Para informações mais detalhadas sobre ciclos de recuperação dos níveis naturais de testosterona e outras drogas utilizadas para melhorar a performance e a aparência física¸ leiam o livro Guerra Metabólica – Manual de Sobrevivência.

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