domingo, 27 de fevereiro de 2011

MMA moderno: treinamento específico e aeróbico

Atualmente as Mixed Martial Arts (MMA) passam por um momento de evolução como um esporte popular. As técnicas evoluíram, as regras evoluíram, os lutadores evoluíram tornando-se completos e a preparação física também evoluiu, porém ainda não conseguimos acompanhar a demanda e logo o excesso do empirismo ganha enorme espaço trazendo na bagagem experiências de outras modalidades esportivas como futebol americano, Competidores de Fitness e algumas outras com o treinamento já configurado, com certeza para o objetivo delas.

Em um olhar clínico seria injusto apontar uma determinada metodologia e nomeá-la como padrão para todos os lutadores, isto já retiraria a especificidade do treinamento configurado por categoria e estilo do lutador (striker, wrestler ou grappler), componente que torna o MMA um esporte atraente para novos praticantes.

Existe sim, um bom senso quanto ao treinamento específico, e acredito que muitas vezes, os preparadores físicos almejam aparecer mais do que os treinadores (head coaches) e do que o próprio lutador. Como preparador, sei até onde vai o suporte de uma preparação física e esta última não deve ser superior a preparação técnica.

Quanto aos acessórios de treino como o pneu de trator, o elástico entre outros, podem ser incluídos sim, porém existe uma cota para utilização dos mesmos. Particularmente em alguns casos a “velha” barra e o “velho” hálter podem proporcionar resultados positivos, mas o que vemos muitas vezes são algumas criações circenses.

O grande segredo está no planejamento e na boa relação lutador-preparador. O primeiro grande passo é enxergar o lutador como ser humano e não como número, e depois claro, não podemos descartar o lado “atleta de alto rendimento”.

No início de cada periodização é realizado um trabalho linear, ou seja, uma valência física desenvolvida, por exemplo a força, e nesta seria variada a porcentagem da carga. Veja o modelo a seguir:

Semana 1 (Força – 90% de 1RM);
Semana 2 (Força – 100% de 1RM);
Semana 3 (Força – 80 a 85% de 1RM).
*RM = Repetição máxima

Já a periodização mais utilizada hoje no MMA é a não linear, que utiliza e desenvolve alternadamente as valências exigidas no combate, como força, potência, resistência de força e manutenção de força. Podemos ver um exemplo bem simples de cronograma de treino dentre vários:

Segunda-feira (Força Específica):
Desenvolvimento de força através de movimentos que simulem gestos do combate.

Quarta-Feira (Potência – Pliometria):
Trabalho de saltos combinados com chutes e joelhadas, flexões pliométricas combinadas com socos e cotoveladas.

Sexta-Feira (Resistência de Força):
Treino Circuitado com objetivo de aumentar o lactato, ou seja, criar maior resistência muscular.

A divisão do cronograma, a porcentagem de carga e variedade de exercícios fica a critério do preparador físico de acordo com o peso por categoria e o estilo de cada lutador.

Pelo que se consta é o método mais eficaz e que vem prevenindo a ocorrência de lesões por simular gestos executados em situações de combate.

Segundo o preparador Ítallo Vilardo, qualquer movimento que o corpo humano faz é treinável. Esta definição logo mata a questão do treinamento de cardio para lutadores. O que seria mais eficaz e funcional para o atleta de MMA: lutar em treino configurado ou correr?

* Por Diogo L. de Souza
Formado em Educação Física pela UNISA, pós-graduado em reabilitação cardíaca e casos especiais pela Universidade Gama Filho,Faixa-preta de BKenpo, faixa-azul de Jiu-Jitsu, Preparador físico credenciado pelo Conselho Nacional de Boxe, gerente de carreira de lutadores de MMA, colaborador sobre temas de preparação física do site dos irmãos Nogueira, Leandro Paiva, BKenpo e outros, além de ser um dos idealizadores do Team Nogueira Camp 2001 by Coach.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Lutadores Possuem Estrutura Óssea Mais Forte?

Em estudo que acaba de ser publicado com grande número de indivíduos avaliados, os cientistas desejavam descobrir se haveria influência da prática regular de Arte Marcial sobre o esqueleto dos lutadores comparando-os a indivíduos não adeptos a essas práticas.

Para tal, os pesquisadores selecionaram um grupo com 226 homens (idade média: 25,64 anos), que praticavam em média a 61,9 meses, com frequência média de 3 vezes por semana. Esse grupo foi comparado com um grupo controle (não praticantes) de 502 indivíduos.

O estado esquelético foi avaliado por ultra-sonografia quantitativa, em falanges ("partes dos dedos") da mão.

Foi verificado que até os 18 anos de idade, não houveram diferenças relevantes entre os lutadores e os indivíduos do grupo controle. No entanto, verificou-se que até os 35 anos de idade, haviam diferenças significativas.

Os resultados indicaram que maior tempo de prática, frequência e idade de iniciação na Arte Marcial influenciava positivamente o estado esquelético.

Os pesquisadores concluíram baseados nesses achados que havia influência positiva da prática sobre o estado do esqueleto dos lutadores, com benefícios mais importantes verificados em indivíduos adultos (com mais de 18 anos de idade).

Referência: Bogna Drozdzowska; Ulrich Münzer; Piotr Adamczyk; Wojciech Pluskiewicz. Skeletal Status Assessed by Quantitative Ultrasound at the Hand Phalanges in Karate Training Males. Ultrasound in Medicine and Biology, v.37, n.2, p.214-219, 2011.

* Paiva, L. Pronto Pra Guerra: Preparação Física Específica para Luta e Superação. 2ª Edição. Amazonas: OMP Editora, 2010.