quarta-feira, 4 de maio de 2011

Maioria ignora médico e sofre lesão ao malhar. Em SP, 90% das pessoas não passam por avaliação antes de iniciar um treino e por isso se machucam.

Para começar a frequentar a academia não basta encontrar tempo, ter força de vontade e comprar um bom par de tênis. Fazer uma avaliação médica completa é essencial para prevenir acidentes e lesões, mas o procedimento é deixado de lado por 90% dos atletas iniciantes de São Paulo. Esse é o resultado de um levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo com base nos pacientes atendidos em 2010 pelo Ambulatório Médico Esportivo do Hospital Estadual Ipiranga, na zona sul da capital.
ERNESTO RODRIGUES/AE

Responsável pela pesquisa, o médico do esporte Ricardo Galotti conta que já esperava que esse número fosse alto, mas se surpreendeu com o índice de 90%. Ele reuniu informações de atletas e iniciantes colhidas no próprio ambulatório, no qual atua como coordenador, e também em eventos esportivos. "É uma questão cultural. As pessoas não costumam ir ao médico quando não estão doentes. Além disso, muitas academias não exigem atestado médico. A pessoa faz a matrícula e começa a se exercitar."
Participaram do levantamento 700 pacientes atendidos no ambulatório em 2010, dos quais 60% praticavam futebol, 20% atletismo, 10% artes marciais e outros 10% praticavam modalidades diversas, como voleibol, skate e surfe. "Se uma pessoa com patologias cardíacas praticar um esporte que exija muito esforço, é possível ter complicações que podem levá-la à morte. As patologias ortopédicas também podem piorar com uma atividade física inapropriada", explica Galotti.
De acordo com o médico Jomar Souza, especialista em medicina do esporte e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBME), os exames ‘pré-malhação’ têm duas funções essenciais: prever se determinado exercício poderia colocar a vida da pessoa em risco e verificar se o futuro esportista é vulnerável a lesões ósseas e musculares, no caso de ele ter problemas de postura ou de flexibilidade.
"Se pensarmos na atividade física como um remédio, fica fácil perceber que a dosagem inadequada pode ter efeitos colaterais nocivos, por isso é importante fazer uma avaliação para saber qual é a melhor atividade", diz Souza.
De acordo com a educadora física Regina Bento Oliveira, coordenadora técnica de uma rede de academias da cidade, o maior risco para quem não faz o exame médico antes de começar um exercício são as chamadas doenças silenciosas. "O problema são doenças como hipertensão e diabete, que podem aparecer tanto em crianças de 12 anos de idade como em pessoas adultas que não têm nem histórico familiar", explica. Galotti completa que é muito comum uma doença cardíaca começar a se manifestar durante os exercícios, sem que isso nunca tenha acontecido antes.
Sem orientação. No caso da historiadora Bianca Rios, de 26 anos, que começou a fazer musculação, aeróbica e esteira há duas semanas, a consulta ao médico foi deliberadamente evitada. "Na verdade, eu nem posso fazer academia, pois tenho duas hérnias de disco. Mas, como quero ficar em forma, comecei assim mesmo e até agora estou gostando", admite. Ela contou ao instrutor sobre seu problema e diz que ele está evitando indicar exercícios que comprometam a região lombar.
"Não fui ao médico porque sabia que ele não iria liberar os exercícios. Além disso, é muito difícil conseguir consulta pelo meu convênio", garante a historiadora. No último mês ela está arriscando até mesmo alguns exercícios na plataforma Wii Fit (jogos de videogame que simulam exercícios físicos).
Joelhos são as áreas mais frágeis. Uma boa avaliação médica pré-exercício engloba exames cardiovasculares, exames de sangue e testes ortopédicos. Para o médico do esporte Jomar Souza, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBME), essa avaliação ajuda o instrutor da academia a desenvolver um plano de exercícios personalizado e adequado.
"A pessoa já vai chegar à academia com algumas orientações sobre o que pode e o que não pode ser feito. Os exames mostram qual é seu perfil corporal, sua flexibilidade", explica. A educadora física Regina Bento Oliveira acredita que o trabalho em conjunto entre o médico e o instrutor beneficia muito o aluno. "É importante que ele traga um exame atualizado para eu saber em que pontos posso forçar e direcionar o treino", acredita.
Segundo Regina, geralmente existe uma falta de comunicação entre os profissionais relacionados às atividades físicas. "Quando tenho alguma aluna com um problema, sempre pego o telefone do médico e entro em contato. Deve ser um trabalho multidisciplinar", avalia.
De acordo com o estudo realizado pela Secretaria de Estado da Saúde, 70% das lesões ocorridas durante o exercício acometem o joelho do praticante, mas há outros alvos fáceis. "Tendinites, lesões nos ligamentos e dores na coluna também são muito comuns", enumera o médico do esporte Ricardo Galotti, diretor do Ambulatório Médico Esportivo do Hospital Estadual Ipiranga e autor do levantamento.
Segundo Galotti, ocorrências cardiovasculares, embora sejam mais graves, ocorrem com muito menos frequência durante a prática de exercícios físicos. A avaliação física pode ser feita por um médico do esporte, um ortopedista, um cardiologista ou mesmo um pediatra, no caso das crianças.
Para os médicos da área esportiva, a maioria das pessoas, mesmo as que têm lesões como a de Bianca, pode fazer alguma atividade física. "A quantidade de patologias que impedem totalmente a atividade física é baixíssima. A gente sempre encontra uma atividade adequada a cada pessoa e, se ela faz questão de fazer determinada modalidade, passamos orientações sobre como deve praticá-la para não agravar seus problemas", diz Souza.
lista COM CUIDADO
link Exercícios, quando orientados, são benéficos para a saúde. A Organização Mundial de Saúde indica 150 minutos por semana
link Se essa recomendação fosse seguida, cerca de 25% dos casos de câncer de mama e de cólon poderiam ser evitados, segundo dados da União Internacional para o Controle de Câncer
link Exercícios também ajudam a manter o peso saudável e a controlar diabete e hipertensão
Fonte: Mariana Lenharo - Jornal da Tarde.

O método Pilates carece de Instrutores Treinados?




Pilates, método popular de treinamento de resistência está enfrentando um problema: O número de pessoas se matriculando para fazer as aulas está excedendo o número de pessoas qualificadas para ensiná-las. Como diversos exercícios, o Pilates, envolve o uso do pescoço e da coluna, mais do que em outros exercícios convencionais. Para praticar o Pilates é necessária a orientação de um instrutor, sempre presente, pois o exercício deve ter concentração e controle da respiração.
Para ser um instrutor de Pilates são necessários meses de treinamento, mas ainda existem empresas que entregam licenças após um rápido final de semana de curso. Pilates não é a única modalidade de condicionamento físico que está tendo que determinar se seus padrões são permissivos demais. Personal trainers e instrutores de yoga também têm recebido queixas de clientes que se machucaram praticando os exercícios.
Os entusiastas pelo condicionamento físico da terceira idade – de jogadores profissionais de golfe até donas de casa – aderiram ao Pilates, uma forma de treinamento de resistência que fortalece os músculos e reduz a rigidez através de exercícios precisos e que exigem colchonetes e equipamentos elaborados.
Em parte pela reputação de reduzir e dor lombar, Pilates se tornou uma das modalidades de mais rápido crescimento no país, especialmente entre os “Baby Boomers” desgastados por anos de Cooper e tênis. Baby Boomers é a geração nascida entre 1946 e 1964, que redefiniu o envelhecimento. De acordo com a Sporting Goods Manufactures Association o número de pessoas fazendo Pilates aumentou de 2,4 milhões em 2001 para aproximadamente 9,5 milhões de pessoas em 2003, último ano em que os números estão disponíveis.
No entanto, o número de instrutores de Pilates e donos de academias está crescendo para uma direção arriscada. Kevin Bowen, chefe executivo da Pilates Method Alliance, um grupo sem fins lucrativos de educadores, fabricantes de equipamentos e estúdios, argumenta que apenas em torno de 1/4 ou 1/3 dos educadores de Pilates foram adequadamente treinados. Lindsay Merrithew, presidente da STOTT PILATES™, uma grande fabricante de equipamentos para Pilates, que também dirige um programa de treinamento, alega que os números podem ser ainda menores. A STOTT PILATES™ possui como única fabricante, fora do Canadá, a brasileira Metalife Pilates.
Alguns dos chamados movimentos clássicos de Pilates, como o “roll-over”, podem causar lesões no pescoço se feitos incorretamente, diz Michele R. Scharff-Olson, fisiologista e diretora de pesquisa no laboratório de desempenho humano da Universidade de Auburn em Montgomery, Alabama. Outros movimentos clássicos de Pilates podem causar distenção das costas. O “mergulho do cisne”, por exemplo, envolve dobrar o corpo num arco e se balançar apoiado sobre a barriga com braços e pernas a aproximadamente 15 centímetros do chão.
“Existem algumas questões técnicas que podem causar problemas”, diz William O. Roberts, presidente da American College of Sports Medicine. Adeptos, do Pilates clássico que acreditam que o condicionamento físico está sendo vítima do marketing também chamam a atenção para algumas inovações. Para queimar mais calorias, por exemplo, algumas academias promovem o “Cardio” Pilates, que realiza certos movimentos rapidamente e várias vezes. Contudo, Pilates, conforme foi desenvolvido entre 1912 e 1926 pelo boxeador e ginasta Joseph Pilates, envolve uma série de movimentos controlados executados lentamente e com poucas repetições.
Antigamente restrito a um pequeno número de estúdios especializados, o Pilates se espalhou invadindo academias e centros de condicionamento físico em todo o pais. E esse mercado para equipamentos de Pilates mais do que quadruplicou desde 1999.
Diferente dos equipamentos para levantamento de peso, onde o foco está em mover um ou dois grupos musculares por vez, Pilates envolve diferentes partes do corpo todos se movimentando ao mesmo tempo. Exercícios realizados no equipamento de Pilates também podem demandar muito da pessoa. Por exemplo, mais de 75 tipos diferentes de exercícios podem ser realizados no “reformer”.
Alguns instrutores, com maior experiência, dizem que os instrutores iniciantes devem começar pelos equipamentos de Pilates e não pelos exercícios de solo. Também dizem que é melhor aprender Pilates apenas um aluno por professor ou em pequenos grupos. No entanto, para aumentar a atratividade de Pilates muitas academias enfatizam aulas solo com grupos numerosos. Indo, novamente, contra um dos princípios do Pilates.
Fonte: THE WALL STREET JOURNAL
Por: Sally Beatty